Na
última semana estive envolvida em um projeto em São Luiz do Maranhão para uma
conhecida empresa. Tive como público, jovens que estão concluindo sua formação
acadêmica e buscam por uma colocação em grandes companhias, como a que estive
representando.
Antes da
viagem, recebi algumas costumeiras recomendações de diversos colegas quando
trabalho no Nordeste do país: “Trata-se de um perfil mais simples, apesar de
boa formação” ou “Você perceberá que não apresentam tanta desenvoltura e
profundidade quanto os demais jovens de outras regiões”.
Confesso,
fui para o Maranhão acreditando em tudo o que haviam me dito e o que eu própria
havia construído até então.
Entrei
na sala (cheia) e me deparei com um silêncio não muito convencional, que começa
a validar as recomendações que havia recebido. Eu, prontamente me utilizei do
sorriso aberto e boas táticas para deixar o clima mais confortável. A sala
continuava morna e validando a minha “pré-conceituação” daquele público.
Até
que dou a palavra a uma jovem de um município localizado a 700 kilometros de
São Luiz, já quase no Pará. Cerca de 22 anos, média estatura, cabelos bem negros,
presos por uma presilha de plástico e vestida com uma simples e fina camisa
branca de renda. Com forte sotaque nordestino, disse seu nome. Um nome que eu nunca
havia escutado antes, devia ser uma união entre nome de pai e mãe ou deveria
ter algum significado milenar como água, fogo, ou algo parecido.
Não
importa. O que importa é que esta menina seria a institucionalização do meu
entendimento sobre o Nordeste de nosso país. Estava nas mãos dela confirmar
tudo o que eu havia escutado e entendido até hoje sobre os jovens Nordestinos a
procura de uma oportunidade em grandes empresas. A “menina do nome diferente”
estava pronta para tirar um “bem que me avisaram” de meus lábios. Era ela! Ela
seria a responsável por solidificar meu entendimento cultural sobre o mercado
de trabalho especialmente no Maranhão.
Mas
ela não o fez. Não aproveitou a simplicidade de ser igual, e foi diferente. Uma
desenvoltura impressionante, liderança de grupo de uma forma respeitosa e que
eu nunca havia visto em nenhuma das grandes empresas que já atuei. Parecia
estar em casa, apesar de entregando um importante trabalho para uma grande
empresa. Esforçada e dedicada em entregar um ótimo trabalho com simplicidade e
consistência, trabalhava sorrindo e feliz por estar diante de uma grande oportunidade.
E assim, outros jovens começaram a aparecer, como seus seguidores, igualmente impressionados
pela “menina do nome diferente”. Ela transformou a “sala nordestina”, que
terminou o dia com estrelas brilhantes, tão fantásticas como ela.
Vergonha.
Foi o que senti de mim e de todos que haviam me dito sobre o “Padrão
Nordestino”. Voltei para casa pensando se teria sido sorte minha. Mas preferi
me enganar, assim como todos os conselhos que recebi. Preferi chegar em São
Paulo e contar para todos que São Luiz do Maranhão deve ser vista de perto e
seus talentos devem ser ampliados para o mundo. Preferi não dizer a ninguém que
existe uma menina, de nome diferente, que está mudando o mundo.